Agora sim, o Inverno já se faz notar e aqueles que se sentiram ofendidos com os meus comentários ao uso de cachecóis podem vir até mim e exigir um pedido de desculpas. E sim, para quem pensa assim, desculpem, desculpem não ter feito um texto bom ao ponto de vos mostrar o quão realmente estúpidos são os cachecóis. Then again, eu não mereço metade do ar que respiro. Prosseguindo…
Trago vos uma notícia em primeira-mão, uma conclusão à qual ainda ninguém chegou e que só poderia nascer da minha mente conturbada. Trata-se do melhor benefício do Inverno. Não são as castanhas, não (e para aqueles portugueses que acham que o aquecimento global acaba no Inverno…errr….também não é disso que vou falar…e não, não acaba. Vão à escola por amor da santa.). Vou vos dar um tempo para se prepararem...
ACABARAM – SE AS CROCS!!!
Sim, NÃO SE AVISTA NEM UM PAR DE CROCS EM TODA A LISBOA!!!
Não me sentia tão feliz e aliviado desde que descobri que o bug do milénio não tinha acontecido (estava mesmo aterrorizado, desde então prometi a mim mesmo que vou trabalhar até ao resto da minha vida para que nunca os meus filhos sofram com um boato assim).
Agora sim posso morrer feliz. Pelo menos mais feliz do que estava há uns meses quando AQUELA MERDA DAQUELE CALÇADO ENTROU DE ROMPANTE NA MINHA VIDA SEM PEDIR AUTORIZAÇÃO LEVANDO CONSIGO A ÚLTIMA BRISA QUE REFRESCAVA O JARDIM INÓSPITO QUE É O MEU CORAÇÃO) …Eu estou bem…obrigado…
Mas quão fantástico é isto? E, acima de tudo, quão fantástico é usar a palavra “quão” a 4 frases de distância da palavra merda?
Têm noção do que isto significa? Significa que posso voltar a ir ao Colombo sem ter receio de encontrar mais do que 5 pessoas com crocs de cores que eu nem sabia que eram permitidas por lei usar em sapatos. Significa que desapareceram variados feitios daqueles sapatos de plástico de tudo o que é loja. Acima de tudo, significa que qualquer um de nós, independentemente da raça ou feitio, pode andar na rua sabendo que o mundo é um mundo melhor, um mundo sem crocs!
Eu estou tão feliz…eu sei que já usei uma piada-que-não-deve-ter-tido-piada-nenhuma-mas-eu-não-me-importo sobre eu estar muito feliz, mas vou ter que usar outra, estou assiiiiiim tão feliz: Eu já não me sentia tão feliz desde que descobri que dava para ver sites pornográficos na Internet! De facto, na minha lista de acontecimentos de maior importância para a história da Humanidade este tem de estar num segundo lugar firme, logo atrás da invenção dos crepes de chocolate do continente. De notar que também dou extrema importância aos nossos antepassados que inventaram a roda, até porque nem tudo na vida é ter uma massa fofinha e um chocolate belga a derreter na boca em apenas 2 minutos e, acreditem, todos os dias agradeço a quem quer que seja por essas pessoas não terem sido atormentadas com esta epidemia para poderem expressar ao máximo a sua criatividade e palavras de meia sílaba.
E chegámos a outro ponto da minha tese: as crocs são uma epidemia! Quando apareceu a doença das vacas loucas ou a gripe das aves toda a gente ficou alarmada, no entanto, quando as crocs apareceram ninguém reparou. Rapidamente a moda ia passando de pessoa para pessoa. Cada vez se viam mais crocs nas ruas, mais cores, mais modelos. E nós deixámo-nos ser invadidos por esta epidemia, sem criar qualquer resistência a este assassino silencioso que começa por atacar os pés e, num ápice, destrói milénios de estética de calçado. E ninguém viu nada, ninguém fez nada. Mas porquê, POOOOORRRRQQQQQUUUUUÊÊÊÊÊ?.......................
Quando foi a doença das vacas loucas deixámos de comer vaca, gripe das aves deixámos de comer aves, mas porque é que ninguém se atreveu a amputar os dois pés a fim de evitar a propagação deste vírus. Se dependesse disso eu oferecia me com todo o gosto, dass, eu até dava de boa vontade tudo até ao joelho. Mas não, mais uma vez o povo português não se soube impor.
E esta epidemia tem muitos efeitos colaterais. Quanto a mim, suga-me a felicidade de viver e desperta em mim tendências suicidas que estavam adormecidas desde que vi a actuação da Britney Spears nos VMA’s. Aumenta os índices de violência. Quanto a vocês não sei, mas eu quando via uma pessoa de crocs só pensava nas piores maneiras para torturá-la com os mais estranhos objectos que pudesse encontrar da forma mais dolorosa e gratificante que possa existir. Um pouco como se sentiu aquele gajo que, no Loft, espetou um copo na cara do gajo dos Morangos com açúcar (estás aqui – aponto ao coração). Pensei até em escrever o Mein Kampf adaptado às crocs. Foram momentos difíceis…
Até que apareceu o Inverno! Santa alma a do português que não gosta de apanhar frio nos pés! Eu não sou do tipo de pessoa de oferecer dinheiro à Igreja – por duas razões: 1º porque nunca percebi se o dinheiro vai para Deus e, se vai, eu gosto de pagar as minhas dívidas em pessoa; 2º não acredito em Deus – mas se fosse, estava aqui um acontecimento que me faria depositar metade da minha mesada numa caixinha de alumínio à vista de todos. Perguntam vocês: Mas o desaparecimento das crocs compensa o desaparecimento dos tops e mini-saias? Obtusos são os caminhos da ciência, mas eu diria que sim!
Acabo com um alerta. Não podemos cometer o mesmo erro duas vezes, elas vão voltar, ohh, elas vão voltar. Provavelmente mais fortes, com mais feitios, com mais cores. E se não queremos voltar a ter o Inferno na terra temos que fazer algo: Há que destruir a epidemia. Por isso peço aos melhores cientistas do Mundo, façam uma pausa dos estudos para a cura da SIDA e debrucem-se sobre este assunto que, a meu ver, é uma maior prioridade. E para vocês: Usem palavras durante o dia ou copos quando saírem à noite, mas lutem. Vamos lutar para que, um dia, possamos chegar aos nossos filhos e dizer “Eu faço parte da geração que libertou o planeta da ameaça das crocs!”. E eles, orgulhosos, poderão ir em paz comer um crepe de chocolate do continente ao mesmo tempo que vêem um site pornográfico. Ámen.